Hoje é domingo
Dia de sono.
Dia de ir à igreja
Dia de macarronada na casa da vovó.
Tradicional e repetitivo.
Uma rotina que se renova.
Sempre o mesmo molho,
Sempre o mesmo tempero,
Mas sempre estamos à espera
Daquele mesmo sabor.
Depois rumamos para casa,
Pelo mesmo caminho
de sempre.
Damos “boas tardes” ao Sr. José
E desejamos “boa semana” ao Sr. Joaquim.
Paramos na venda
E pegamos o queijo fresco
Encomendado na semana anterior
(Sempre na mesma hora).
Encomendamos o da semana seguinte,
Pegamos o embrulho,
Seguimos viagem.
A estrada continua esburacada
E o prefeito continua prometendo
(Toda eleição é a mesma coisa)
E sempre paramos o carro,
No Km 30 próximo do rio,
Para dar passagem aos bois.
Após alguns minutos,
Vendo a boiada passando,
Papai relembra da infância
(Quando eu tinha sua idade...)
Até a esquina da nossa velha casa.
Descemos do carro,
Já gasto pelo tempo
(Um carrinho amarelo e barulhento)
E tocamos dos calcanhares
O Totó
Que vem pulando no pão que a vovó
Deu-nos para viagem.
Abrimos a porta de madeira,
Coloco o pão caseiro no rabo do fogão
E o queijo fresco na geladeira.
Papai senta-se na varanda,
E mamãe se apressa a fazer doce de leite.
O pirralho joga os chinelos no canto da sala
E segue para brincar na rua com a molecada
Da vizinhança.
Eu sigo para o quarto
E escolho um exemplar surrado
(Dom Casmurro, quase sempre).
Já pronta para “jiboiar”
Deito-me tirando os sapatinhos
Com os próprios pés
E me espalho.
À noitinha
Já bem descansada
Preparo-me para o jantar.
De sobremesa
Mamãe põe na mesa
O queijo fresquinho
E o doce de leite.
Comemos, brincamos,
Tiramos a mesa
E recolhemo-nos.
A semana é cheia,
O trabalho não finda,
Mas aos domingos
Ainda os chuvosos
A casa da vovó nos espera.
SIMONE ROCHA
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