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terça-feira, 27 de novembro de 2012

QUEM ÉS TU?




_Sente-se bem?
_Mais que bem! Bem demais.
Sorrisos e lágrimas em constante harmonia.
_Por que choras?
_São lágrimas de alegria.
_Podes dizer que tens motivo?
_Ah! Com toda certeza.
_Diga-me então,
O que motiva sua felicidade?
_Então não sabes?! É a vida.
Bela e graciosa.
Excelsa em formosura e surpresas.
Deslumbrante ao vagar pelos caminhos,
Especialista em criar oportunidades,
Doutorada nas matérias do destino.
_Afirma com tamanha precisão
Que até parece a divindade!
_Não. Nada de divindade.
_E onde se encaixa as frustrações e decepções da humanidade?
As grandes guerras,
Conflitos e chacinas,
As tantas mortes sem respostas?
_A vida limitada pela morte não merece ser concedida.
A guerra em si é uma arte bruta.
Frustrações e decepções
Nada mais são que
Consequências de ações.
(Toda ação gera uma reação).
_Então é nisso que baseia-se?
Filosofias?
_Oras! De forma alguma.
Baseio-me no dom da vida,
Nas esperanças que crescem,
Nas sensações de cada momento.
Baseio-me simplesmente em viver.
Muitas questões não são respondidas,
Não desperdiço meus dias.
Aproveito-os.
E tu, não vives bem?
_Eu, bem, nunca vivi.
_Então é por isso que tanto criticas?
_Não. Não invejo a vida,
Mais cedo ou mais tarde
Todas pertencerão a mim.
_Pertencerão? Do que falas?
Quem és tu?
_Quem sou eu?
Quem pensas que sou?!
Tire suas próprias conclusões.
Levo as almas
Para vagarem novos caminhos.
_Então és a morte?
_Quem sabe?
Afinal, o que é a morte?
Será ela o fim
Ou o princípio da longa jornada?


                                       SIMONE ROCHA

SEMPRE PERTO




As horas passam,
O tempo voa,
O sol se põe,
A lua acorda,
As estrelas dançam,
O canto dos pássaros cessam
Dando lugar aos uivos dos lobos.
A cidade se cala,
O campo silencia,
A noite renasce ao fim de cada dia,
Seja ele ensolarado,
Ou coberto pelas escuras cortinas de nuvens.
As cores mudam,
A chuva cai,
Os raios desenham no céu,
E a vida sempre seguindo...
Mas ainda estamos juntos,
Sempre juntos,
Sempre perto.


SIMONE ROCHA

sábado, 24 de novembro de 2012

BICHANO




Aquele gato sem teto,
Brincava e rolava sem preocupações.
Não tinha um lar,
Não tinha uma tigela,
Mas tinha o mundo
Girando ao seu redor.
Dormia em qualquer canto,
Comia o que lhe davam,
As vezes caçava um passarinho.
Tinha os olhos acinzentados,
Um tanto preguiçoso,
Coisa de gato.
Seu pelo de um branco
Mais alvo que a neve.
O gato de rua
Bem cuidado e esculpido.
De novo e de novo,
Rolava e brincava.
Não tinha preocupações,
E o mundo girava ao seu redor.


                        SIMONE ROCHA

ALÉM DE UMA JANELA




E olhava para a janela
Mas você não passava.
Horas encostada a sua espera
E nada.
Aos poucos as gotas foram se multiplicando
E logo imaginei,
Naquele dia você não passaria.
No dia seguinte,
Adivinha só.
Encontrava-me na mesma posição,
Olhando na mesma direção,
Em busca da mesma ilusão.
O sol se escondia,
A lua aparecia,
E logo imaginei,
Você não passaria.
Depois de alguns meses,
Cansada da janela,
De ser platéia no meu espetáculo,
Fui até o centro do palco.
Dirigi-me até a porta
E segui sem direção.
Tropecei em algumas pedras,
Cai de joelhos,
Clamei por ajuda,
Gritei ao vento.
Deparei-me com errantes,
Cavaleiros da noite,
Almas desnorteadas.
Conheci novos caminhos,
Ouvi muitas lendas
E contei muitas histórias.
Não cheguei até você,
Não o vi pela janela,
Nem me lembro do seu semblante.
Sei que passou por mim
Mas nem o reconheci.
Não conhecia sua face,
Mas senti que era você.
Não me importei,
Apenas segui.
Da janela não dava para ver,
Mas agora já enxergo com clareza.
Não estava a procurar seu rosto,
Mas de uma saída que me libertasse .


                            SIMONE ROCHA