Sobre
a vida, posso mencionar fatos corriqueiros, mas minha personalidade, meu eu
lírico, minha irritante pessoa não permite ser tão superficial assim. Por outro
lado, me recuso a discorrer sobre problemas, e o saco cheio que a vida fez
questão de transbordar.
Um
café cairia bem, seu aroma me acalma, seu sabor me desperta para a realidade de
que prefiro uma xícara de chá e, pelo desânimo acabo optando por um copo de
água.
Sou
impedida de viver pelas escolhas que teimo seguir. Durmo demais. Estudo de
menos. Durmo demais. Vivo de menos. Estou limitando todo o livre arbítrio que
possuo.
Palavras
eloquentes me causam calafrios. Estou com tanto sono. Gostaria de ler Shakespeare,
conhecer mais sobre Victor Hugo, e sinceramente, gostar de Poe, mas me impeço
dessa aventura desconcertante, afinal, é hora de cochilar um pouco.
Quero
conhecer a Europa, aproveitar o frio, fotografar a paisagem que vejo por outras
fotos. Serei audaciosa, corajosa, enfrentarei o mundo com a mochila nas costas
assim que acordar.
Vou
adotar um cachorro, ou um gato, um pássaro... quero me dedicar a algo que
precise de meus cuidados. “Vem Totó! Totó?! Cadê você?” O Totó morreu de fome
enquanto eu descansava.
Tenho
planos com meus amigos para quando formos bem sucedidos, vamos viajar juntos,
aproveitaremos a vida. Ligarei para... não, ela se casou, aquela outra mudou de
cidade, ele começou a namorar com aquela chata. Deixa pra lá, vou me enrolar
nas cobertas.
Agora
cansei de dormir, quero me exercitar, aprender uma nova língua, mas os médicos
disseram que em breve dormirei "ad eternum". Tudo bem, já me acostumei a deixar a
vida de lado.
SIMONE ROCHA - 10-09-16
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