Meus
contratempos podem ser meus dessabores.
Vago pelos
trilhos imaginários de uma trajetória insana repleta de lucidez.
Não sei se
permaneço equilibrada nos traços que piso
Ou se desloco
meus pés para o centro do alvo à espera que algo me atinja.
Minhas
lembranças e esperanças se confundem no meio termo
Onde
pretérito e porvir desprendem minha percepção de realidade.
Eu quero
gritar e desfazer minhas escolhas
Permanecendo
consciente da prepotência que me guiou.
Atos banais
sucumbidos à arrogância da juventude.
Quero ser
independente mas não sei andar.
Meus
primeiros passos me levaram ao chão
E minha ideia
de liberdade se atrelou as mãos dadas com meus pais.
Tentei
seguir, mas minhas aventuras eram limitadas aos quarteirões do bairro onde
cresci.
Mãe, eu não
sou criança!
Mãe, “me dá”
dez reais?!
Mãe, bata
antes de entrar.
Mãe, cadê
minha blusa azul?
Mãe, já sou
independente.
Mãeeeeeeeeee!!!!!!!!!!
Perdida
nesses termos coloquiais com traços de uma ligeira formalidade intelectual
Permito-me
desencadear meus pensamentos para o fim do meu passado
Pretensiosamente
atormentado pelo medo de um futuro sem perspectivas
Ou, à luz de
uma ideia vivida.
Minha casa
está em ordem,
O piso brilha,
Os móveis
estão lustrados,
Louça lavada.
Minha mente
está em desordem,
Sentimentos
misturados a emoções,
Gaveta de
sonhos abertas,
Eloquência
jogada sob a cama,
Muitas
lembranças lançadas para embaixo do tapete,
Desilusão no
compartimento de felicidade enquanto esta
Encontra-se
no cesto de roupa suja.
SIMONE ROCHA
– 10-09-16
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