Penápolis, 25 e julho de 2013.
Ao vigia dos corações.
Honrado senhor,
Venho através dessa
solicitar sua atenção, e se possível sua compreensão em relação ao meu caso.
Ando tendo problemas com o coração que designou a mim, e preciso dizer que ele
está me causando desacertos e lágrimas.
Desde que descobri sua
função principal, ele não tem se acomodado. Exige atenção, e quer que suas
vontades sejam feitas. Se não as faço, ele se aborrece, fica acuado,
silencioso, e todo “dolorido”, então não consigo sorrir, brincar, planejar,
sonhar, nem ficar leve e bem. Passo o tempo todo estressada, tristonha,
chorona, e grosseira. É como se eu dependesse do bem-estar dele para ficar bem
também.
Senhor, peço que leve em
consideração meus argumentos. Imagino que deva haver muitas pessoas com queixas
mais graves que a minha, com reclamações e outros casos que desconheço. Mas
imploro que reserve um tempo para solucionar minha situação, pois está difícil
passar meus dias com o peito apertado. Penso que me desfazer dele não seja
possível, mas já seria de grande ajuda ter um manual para entendê-lo.
Gostaria de sentir o que quero,
quando quero, e por quem quero. Poder agir de forma lógica, racional, e sem
misturar minhas vontades com as desse teimoso que habita em mim. Preciso tomar
as rédeas da minha vida, mas não obtenho sucesso nessa caminhada, não com ele
ditando minhas decisões. Estou desesperada e sem saber como agir. Por favor, responda-me
o mais depressa que puder. Não sei se posso dividir-me com esse coração cuja
função deveria ser apenas pulsar.
Desde já agradeço pela
oportunidade de lhe falar.
Atenciosa e
ansiosamente.
Simone Rocha